A febre recorrente do Shar Pei
Apesar de muitas vezes terem um feitio difícil, a pele enrugada deixa muita gente derretida por esta raça de cães. Infelizmente, as rugas na pele causam com frequência problemas de dermatologia. No entanto, esse não é o único problema associado a esta raça. Há também a febre recorrente do Shar Pei (familiar Shar Pei Fever Syndrome).
Como se pode perceber pelo nome, esta doença caracteriza-se por episódios de febre súbita que dura entre 12 a 36 horas, deixa o cão apático e sem apetite e pode ou não responder a medicação.
O problema das rugas na pele
De forma sucinta, as rugas que caracterizam o Shar Pei são provocadas pela produção excessiva de hialurona, uma proteína estrutural da pele. Uma mutação leva a que existam múltiplas cópias dos genes que regulam a produção de hialurona. Todos os Shar Pei têm esta mutação mas, nalguns animais, há a formação de hialurona de baixa qualidade que se quebra rapidamente num processo que provoca inflamação e febre.
Sinais clínicos:
- Temperatura acima de 39ºC;
- Inchaço dos tornozelos durante os episódios de febre;
- Náuseas ou diarreia.
Apesar de parecer uma condição relativamente benigna, além da febre, esta doença provoca danos renais.
O que acontece nos rins?
Na febre do Shar Pei há deposição de proteína amiloide nos rins, destruindo a sua capacidade de filtrar proteínas. Estas proteínas são assim perdidas na urina e, com o tempo, como o animal está a eliminar na urina proteínas que preveniam a formação de coágulos no sangue, formam-se coágulos e há aumento da pressão arterial.
Diagnóstico
Faz-se pelos sinais clínicos do animal. Há um teste genético na Universidade de Cornell (Estados Unidos) que permite detetar a mutação mas não é feito por rotina. Os episódios de febre começam, por norma, antes dos 18 meses mas podem ocorrer em qualquer idade. O tratamento passa por medicação para diminuir a febre e o desconforto, assim como para prevenir os danos renais.